segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Coitadinhos! Uma visão distorcida

Manoel Marques Filho




Há mais ou menos trinta anos, ao visitar uma clínica de tratamento de doentes mentais para menores, no Rio de Janeiro, deparei com um quadro que dizia: "NÃO TENHA PENA DE SEU FILHO". E falava das conseqüências nefastas que poderiam acontecer se a demonstrássemos.

Em princípio, aquele quadro me chocou, pois via as tristes e precárias condições daqueles menores. Nunca esqueci aquela afirmação. A pena pode nos levar à acomodação e não à compaixão. Precisam de ajuda e não de pena. Vi ali como a não aceitação da "pena" produzia efeitos fantásticos na recuperação dos menores, pois levava os pais a agir com eles com naturalidade, como se fossem quase normais.

Aquelas cenas vieram à minha mente quando a missionária Thais, do Norte da África, falou à igreja no primeiro domingo deste mês. Entre tantas palavras edificadoras, contou que as mulheres de seu campo a chamavam de COITADINHA, porque ainda não tinha encontrado seu futuro marido. Certamente não tem um noivo terreno. Mas está muito longe de ser uma coitadinha. Parece que isso não a incomoda tanto, pois sua fé e esperança estão firmadas no noivo eterno.

Missionários costumam passar por uma tremenda adaptação aos costumes e práticas em seus campos. A dedicação pela obra e o amor aos perdidos, os fazem passar por cima de muitas adversidades. Muitas vezes, renunciam a direitos legítimos em benefício da causa que abraçaram.

Podem até passar por perseguições e morte, mas nunca o nosso sentimento para com eles deve ser de pena. Não precisam de nossa pena, mas sim, de gratidão e ajuda em tudo que estiver ao nosso alcance. De acordo com a palavra de Deus, são bem-aventurados e, por isso, devemos nos alegrar e exultar com eles (Mt 5.11-12). Da mesma forma, não devemos sentir somente pena pelos que sofrem, e sim compaixão.

A parábola do Bom Samaritano nos dá uma idéia disso: certamente o sacerdote e o levita tiveram PENA do homem espancado pelos ladrões, mas passaram ao largo, enquanto o samaritano encheu-se de COMPAIXÃO e o ajudou. Concluindo o texto disse Jesus: vai e faze tu o mesmo, conforme Lucas 10.37. A PENA é temporária, passa e pode deixar as trevas.

A COMPAIXÃO é duradoura, permanece e acende uma luz. A Igreja de Cristo torna-se luz para as nações que precisam de misericórdia e dessa luz. Estão espiritualmente enfermas e precisam de nossa ajuda. Muitos de seus filhos estão explodindo em bolas de fogo como faziam os antigos seguidores do deus Moloque, imolando ainda hoje seus filhos no fogo.

Podemos e devemos ajudá-las. A nossa omissão custará a vida de muitos que partirão sem salvação. Quando não houver mais tempo, tudo terminado, aí sim, poderemos dizer: Que PENA! Tarde demais. Creio que a pena será tanto para nós como para eles. Deus espera muito mais de nós. VAI E FAZE TU O MESMO, é o apelo do Mestre que muito mais fez por nós.

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