terça-feira, 27 de março de 2012

Levamos o que deixamos


Era um dia triste na vida de Felipe, João e Paulo. Um dia antes estavam surfando num pico alucinante com água cristalina e ondas de sonho. Tudo muito perfeito. Parecia que as manobras estavam saindo muito mais fluidas e, devido o visual, todos estavam arriscando muito mais que o de costume.

A diferença é que não estavam em três, mas em quatro amigos. Naquele dia Pedro se fazia presente junto a eles surfando muito e levando o nível da session aos limites.

Agora, naquele momento, estavam sentados em frente a uma cantina em um cemitério velando o corpo do Pedro. Fatalmente, em meio ao surf paradisíaco, Pedro foi atacado de forma fatal por um tubarão.

As águas cristalinas escondiam um animal com fome e louco para se alimentar. Fatalmente ele encontrou o Pedro em seu caminho ferindo-o de forma que não resistiu e faleceu.

Seus amigos tentaram socorrê-lo, mas não havia mais o que fazer. Estavam juntos no velório pensando sobre tudo. Em um momento a mais pura alegria e em outro a vida fica de cabeça pra baixo.

Por que aquilo aconteceu? Como pode um cara tão gente fina partir dessa forma!

Perguntas que sempre vamos fazer e que não há resposta que console nossos corações. Em certo momento, Felipe disse: “Como pode, o Pedro era tão gente boa, amigo de todos nós! Era ele que nos dava força quando amarelávamos e agora se foi. Construiu tantas coisas, fez sua marca no surf, deixou o nível do nosso esporte aqui em na região mais elevado e agora partiu sem levar nada do que construiu.”

Observando o comentário de Felipe, João não concordou e replicou: “Não concordo Felipe. O Pedro como você mesmo falou foi uma pessoa amiga, íntegra, um cara que sempre pudemos contar e que nunca deixava ninguém sem um apoio, uma palavra amiga. Ele construiu verdadeiras amizades e a prova disso é o tanto de pessoas aqui hoje. Estamos quase levando esse cemitério a um colapso de tanta gente aqui. O Pedro sempre amou o que fazia. Surfava com a alma, era nítida sua paixão pelo surf. Não acredito que tenha partido sem nada. O mais importante ele fez. Partiu deixando muito amor na vida de quem o conheceu, partiu deixando entre nós surfistas que surfam muito bem devido seu estilo inconfundível. Partiu mas deixou lições que carregaremos para sempre em nossos corações.”

Depois que João se calou, os amigos ficaram em silêncio e depois se abraçaram. Entenderam que o mais importante dessa vida não é o que levamos mas o que deixamos construído para a eternidade na memória de quem vai sempre se lembrar da forma que vivemos e como interagimos com o mundo e as pessoas. Essa é a verdadeira eternidade.

Boas Ondas.










Um comentário:

Um brasileiro disse...

ola. tudo blz? estive aqui dando uma olhada. legal. apareça por la. abraços.

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